Direitos humanos é um tema profundamente sensível na sociedade brasileira e que costuma provocar discussões acaloradas, mas nem sempre eficazes no que diz respeito a avanços e melhorias sociais.
Quem nunca ouviu falar de direitos humanos para humanos direitos? Os direitos humanos são para todos os humanos e não negociáveis e são um ponto de partida para reconhecer a nossa humanidade em comum.
O Brasil é um país extremamente rico, mas extremamente desigual. Sua população é fruto deste país que é colonizado, subalterno, escravocrata e que viola e ainda vem violando muitos direitos básicos, como acesso à água, moradia digna, saneamento básico. E que, com a pandemia, essas desigualdades sociais se acirraram cada vez mais, principalmente quando falamos dos grupos mais vulneráveis.
No terceiro episódio do podcast “Somos Newa”, Carine Roos conversou com Gabriele Garcia, fundadora e presidente da Fundação Think Twice Brasil, sobre a história dos direitos humanos desde a colonização até os dias atuais na sociedade brasileira.
Para ela, esta trajetória é refletida na sociedade brasileira até os dias de hoje e atravessa vários aspectos de nossa vida. O nosso passado é pautado por um processo de colonização, inicialmente instalado a partir de estruturas desiguais e violentas, é um passado mais presente do que nunca, que é o que chama de colonialidade, e continua se perpetuando e oprimindo boa parte da população.
Uma consequência deste processo de violação é que se espera que os violados não tenham uma consciência substancialmente estabelecida para parar esse ciclo de opressão.
“O conceito de ser humano é essencialmente europeu que super valoriza a razão foi instrumento para posicionar os indivíduos em espaços e situações e criar hierarquias, violações e desigualdades”, comenta Gabriele. “Podemos reconhecê-lo no jeitinho brasilerio, na corrupção, no silêncio em não agir quando vemos uma situação injusta.”
A construção da razão, por muitas vezes, tenta tirar a humanidade de grupos sub-representados, até mesmo como uma tentativa de justificar a exclusão social.
Papel das empresas
Apesar do sistema capitalista e da busca incessante de lucros, as empresas têm uma função social que vai além do emprego que é a responsabilidade inata de exercer um impacto positivo dentro da comunidade que está inserida.
O sistema de educação atual ajuda a replicar o modelo de produção vigente, pois ele molda as pessoas para caber em um caixa na qual se produz muito e se critica pouco a fim de se manter o ecossistema estruturado de maneira desigual.
Os líderes e colaboradores trabalham em três eixos principais que podem ocasionar a mudança do status quo, a saber:
- dimensão espiritual – quando se tem um envolvimento e busca para ampliar consciência de maneira privada como autoconhecimento e meditação
- dimensão experimental – quando ao participar de uma ação inusitada, o resultado é uma reflexão mais profunda sobre determinado assunto.
- dimensão cognitiva – se dá na medida que se vivencia uma das dimensões anteriores e se engaja para aprender e se aprofundar sobre determinadas questões.
“Eu acredito que quando um indivíduo entra nestas dimensões, acaba criando uma onda que mesmo que, lentamente, opera alguma mudança e vai pressionando o sistema para a adoção de novas perspectivas”, enfatiza Gabriele. “E quando isso acontece, tratar a diversidade e inclusão é inevitável, sem a necessidade de dizer que que é fundamental”.
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