Insatisfação profissional: mulheres líderes pedem mais demissão

Mulheres em cargos de liderança estão mais propensas a pedirem demissão por insatisfação profissional, diz especialista

Atualmente, um novo cenário tem se desenhado para o público feminino no mercado de trabalho. As mulheres que ainda lutam por equidade salarial, equidade nas promoções e maiores oportunidades estão dando um basta para além da questão simples de gênero. 

Líderes femininas estão exigindo mais do trabalho e trocando de emprego em um nível sem precedentes para alcançar o que buscam nas suas vidas e carreiras. É o que aponta o relatório Women in the Workplace 2022 da McKinsey & Company em parceria com o LeanIn.Org.

Mais mulheres pedem demissão

Recentemente, cerca de 12% de mulheres pediram demissão frente a 8% dos homens, uma diferença nunca registrada em anos anteriores. Por isso, para estancar essa tendência e realmente atender os anseios de suas colaboradoras, as empresas precisam ir além do discurso. 

“As organizações precisam olhar para esse cenário e buscar entender os motivos que fazem essas colaboradoras se demitirem. É preciso ouvir as pessoas de forma genuína para entender e agir na raiz destes desligamentos”, aponta Carine Roos, CEO e fundadora da Newa, empresa de consultoria em diversidade, inclusão e saúde emocional para as organizações. 

Conforme o estudo, as mulheres dirigentes têm a tendência de sair do trabalho para buscar uma posição em uma empresa mais comprometida com a diversidade, equidade e inclusão. Isto é, uma organização que tenha políticas sólidas de crescimento e desenvolvimento profissional para elas. 

A pesquisa aponta ainda que um a cada quatro líderes C-Suíte é mulher. Neste mesmo sentido, um a cada 20 é uma mulher negra. Outro dado que chama a atenção é que para cada 100 homens promovidos de um emprego de nível básico a gerente, apenas 87 mulheres são promovidas. 

 “Vemos, diariamente, mulheres pedindo desligamentos das organizações em que atuam. Em muitos casos, isso se deve não apenas ao esgotamento mental, mas principalmente à falta de políticas que olhem para o bem-estar integral dessas mulheres como um todo dentro da empresa”, pontua.

Trabalho não é devidamente creditado

Das entrevistadas para a pesquisa, 37% das dirigentes relataram ter tido um colega de trabalho que levou o crédito por sua ideia, contra 27% dos líderes homens. No mesmo sentido, o estudo aponta que aproximadamente metade (49%) disse que a flexibilidade está entre as três principais considerações ao decidir entrar ou sair de uma empresa, contra 34% dos líderes homens.

“O levantamento mostra que as mulheres têm tanta ambição quanto os homens de serem promovidas e reconhecidas por seus trabalhos. No entanto, historicamente, elas enfrentam mais obstáculos”, comenta a CEO. 

Para a executiva, mais do que nunca é preciso observar e entender a raiz do problema, para que as empresas consigam agir propondo políticas mais claras para o desenvolvimento e crescimento profissional de suas colaboradoras. “É responsabilidade das organizações estarem atentas a esse cenário, promovendo ações que de fato gerem a inclusão efetiva dessas mulheres”, argumenta.

Publicado originalmente na coluna Homework da editoria Dinheiro em dia do Portal Terra

Sobre Carine Roos:

A profissional é especialista em Diversidade, Equidade e Inclusão há 10 anos. Ela é CEO e fundadora da Newa Consultoria, uma empresa de impacto social que prepara organizações para um futuro mais inclusivo por meio de sensibilizações, workshops, treinamentos e consultoria de diversidade. Mais de 12 mil pessoas foram impactadas em vivências com mais de três mil horas em salas de aula e mais de 2 mil mulheres mentoradas, que hoje estão mais seguras, mais estratégicas, mais reconectadas com a sua história e com a sua essência. À frente da Newa, Carine tem como missão preparar líderes para que a Diversidade e a Inclusão sejam uma realidade imediata nas organizações.