Como a sua empresa acolhe a diversidade LGBTQIAPN+?

Uma das ações mais efetivas é a criação de comitês ou grupos de afinidade LGBTQIAPN+ que têm como objetivo oferecer suporte emocional e profissional aos colaboradores que se identificam como parte da comunidade, além de promover a diversidade e a inclusão dentro da empresa.

No mês de junho, as organizações, em sua maioria, reforçam as atividades relacionadas à temática LGBTQIAPN+ em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil. Segundo dados da B3, bolsa de valores brasileira, 7,4% da população se identifica com outras orientações afetivas que não seja a heterossexualidade e 3,6% da população identifica-se como trans e/ou não binária no país.

Apesar de algumas empresas já terem adotado políticas inclusivas, ainda há muito a ser feito para garantir um ambiente de trabalho seguro e respeitoso para todas as pessoas, independentemente de sua orientação sexual, identidade ou expressão de gênero.

Outra pesquisa, desta vez o Instituto Ethos, revela que 90% das empresas promovem a conscientização sobre a diversidade LGBTQIAPN. Já 43% buscam atrair pessoas LGBTQIAPN+ sobretudo com vagas para trans divulgadas em canais destinados a esse público ou, em alguns casos, firmando parcerias com instituições e organizações que possam apoiar a comunicação. Além disso, 51% das organizações respondentes  oferecem apoio psicológico aos empregados e empregadas que estão em processo de transição de gênero e  21% afirmam dispor de programas para a contratação de pessoas trans com metas, indicadores e meios de acompanhamento.

Uma das principais ações afirmativas adotadas por empresas é a criação de comitês ou grupos de afinidade LGBTQIAPN+. Esses grupos têm como objetivo oferecer suporte emocional e profissional aos colaboradores que se identificam como parte da comunidade LGBTQIAPN+, além de promover a diversidade e a inclusão dentro da empresa. Eles também podem ser responsáveis por levantar questões e sugerir políticas para garantir um ambiente de trabalho mais inclusivo.

São pelo menos dois pontos sensíveis que esses comitês podem ajudar a encontrar a melhor forma de letramento e normas para que todos possam se sentir respeitados. O primeiro deles, garantido inclusive por lei, é a adoção do nome social, pelo qual uma pessoa trans ou travesti se identifica e deve ser utilizado em todos os documentos e sistemas da empresa. Isso evita constrangimentos e discriminações, além de ajudar a garantir que as pessoas sejam tratadas de acordo com a sua identidade de gênero.

O segundo é a questão dos banheiros. Algumas empresas têm criado banheiros específicos para atender a essa demanda, mas isso pode ser visto como segregação e não é a solução ideal. O ideal seria que todas as pessoas pudessem utilizar o banheiro que se sentem mais confortáveis, sem medo de discriminação ou violência.

No Brasil, a lei nº 10.948/2001 estabelece penalidades administrativas para discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero. Com ela, é importante garantir que as pessoas LGBTQIAPN+ sejam protegidas contra a discriminação no ambiente de trabalho e em outros espaços públicos. Porém, não há legislação federal que garanta o acesso de mulheres e homens trans a banheiros públicos de acordo com o gênero com que se identificam. O julgamento que trata da questão está parado há sete anos no Supremo Tribunal Federal (STF), desde que o ministro Luiz Fux fez um pedido de vista do processo.

Infelizmente, em muitos países ao redor do mundo, a comunidade LGBTQIAPN+ enfrenta discriminação e violência em níveis alarmantes. Alguns possuem leis mais severas contra a  população LGBTQIAPN+, como a Rússia, onde a chamada “lei da propaganda gay” proíbe qualquer tipo de manifestação pública relacionada ao tema. A Arábia Saudita e o Irã, por exemplo, punem a homossexualidade com a pena de morte. É importante que empresas nestes territórios adotem políticas inclusivas e de respeito aos direitos humanos para que possam ajudar a mudar o comportamento e a percepção da sociedade e de governos para práticas e políticas que abrangem as necessidades específicas da comunidade LGBTQIAPN+.

SOBRE CARINE ROOS:

A profissional é especialista em Diversidade, Equidade e Inclusão há 10 anos. Ela é CEO e fundadora da Newa Consultoria, uma empresa de impacto social que prepara organizações para um futuro mais inclusivo por meio de sensibilizações, workshops, treinamentos e consultoria de diversidade. Mais de 12 mil pessoas foram impactadas em vivências com mais de três mil horas em salas de aula e mais de 2 mil mulheres mentoradas, que hoje estão mais seguras, mais estratégicas, mais reconectadas com a sua história e com a sua essência. À frente da Newa, Carine tem como missão preparar líderes para que a Diversidade e a Inclusão sejam uma realidade imediata nas organizações.